sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Análise Psicanálitica da Personalidade de Norman Bates - Filme Psicose


Norman Bates vive uma psicose profunda, isso se pode observar através de seu olhar, gestos e principalmente pelas suas atitudes. A psiquiatria conceitua esse comportamento de dualidade como Despersonalização do Eu, mas analisaremos através do olhar psicológico utilizando da teoria de Freud, mais necessariamente do Complexo de Édipo “mal resolvido” do personagem.

O pai de Norman faleceu quando ele tinha apenas cinco anos, onde ainda estava vivenciando a fase fálica. O Complexo de Édipo se caracteriza pelo amor excessivo ao sexo oposto e raiva pela figura do mesmo sexo. Nessa fase a criança se sente angustiada por ver que a figura com quem era completamente dependente - no caso de Norman, a sua mãe - não é apenas dele, não vive por ele, mas que existe outra pessoa – que nesse caso é o pai, com quem a mãe divide o seu amor, por isso advém a raiva. Mas, no final dessa fase a situação geralmente é resolvida e acontece a cisão com a figura oposta, que o genitor do mesmo sexo intermediará, mas isso não acontece com Norman. Pela morte de seu pai, a dependência com a sua mãe aumenta e ele se une completamente a ela. Norman e sua mãe viveram uma relação de dependência muito grande durante a infância do Norman, sua mãe era uma pessoa muito rígida e não se identificava com outras mulheres.

Depois de um tempo a sua mãe começa a viver um relacionamento com um homem e a raiva de Norman cresce absurdamente, onde faz a psicose acentuar em sua mente, causando a atitude de assassinato de sua mãe e de seu padrasto. Para não sentir remorso desenterra o corpo de sua mãe e o leva para a sua casa, vivendo com ele. Ele começa a viver uma dualidade muito grande, usando do mecanismo de defesa, a negação. Essa negação da morte de sua mãe é tão grande que ele age como se ela ainda estivesse viva, trazendo ela para a sua mente, emitindo falas de sua mãe através de si, vestindo como ela e até mesmo conversando com ela.

Com a chegada de Marion no Bates Motel, a personalidade de sua mãe dentro de si fica mais acentuada. Norman se sente fortemente atraído por Marion, mas se sente culpado por esse desejo, porque sua mãe não gostaria que ele sentisse isso e pela raiva excessiva que criou por outras mulheres – esta que surgiu através do controle de onipotência de sua mãe, transferindo esse conceito a todas as outras mulheres, com exceção de sua mãe. Com isso a mãe que se encontra dentro de si acaba assassinando Marion.

Após esse episódio, a sua mãe se instala completamente em sua personalidade - sendo que até esse momento ele ainda vivia a metade de sua personalidade - causando um quadro grave de psicose. Através da história de Norman, podemos verificar a importância de viver o Complexo de Édipo de forma correta e mesmo na ausência de uma das figuras genitoras nessa fase, é importante substituí-la de alguma forma ou conseguir fazer essa cisão de forma com que a criança consiga separar a personalidade da figura do sexo oposto de sua própria personalidade.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ELÓI, Jorge. Afinal, o que é o Complexo de Édipo?. Psicologia Free. Disponível em: < http://www.psicologiafree.com/areas-da-psicologia/psicologia_clinica/afinal-o-que-e-o-complexo-de-edipo/# >. Acesso em: 15 jun. 2014.


MUNIZ, Paula. Psicose: uma leitura psicanalítica em Hitchcock. Paula Muniz: especialista em psicanálise. Disponível em: < http://paulamuniz.wordpress.com/2010/09/20/psicose-uma-leitura-psicanalitica-em-hitchcock/  >. Acesso em: 15 jun. 2014.


PSICOSE. Direção: Alfred Hitchcock. Produção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Joseph Stefano. Intérpretes: Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles, John Gavin e Martim Balsam. [S.1.]: Paramount Pictures, 1960. 1 filme (109 min) son., pb., 35 mm.

Essência. Ser. Ser algo.

Prédios, grades, superficialidades, sexo-para-suprir-carências, falso-companheirismo-amiguismo, egos inflados e pseudo gentileza disfarçando o caos... caos comparado até mesmo aos massacres de tempos atrás, só que agora mais difíceis de ser identificados, justamente pelos disfarces vestidos pelas pessoas e pelo crescimento das pequenas e grandes cidades.
O efêmero, o simples, o verdadeiro e o belo foram banidos, até mesmo os erros que fazem de nós humanos não são mais permitidos. A hipocrisia reina. Só que algo não mudou: a lei da massa. O que é valorizado é o que a maioria das pessoas fazem e o que maioria faz é sinônimo de uma sociedade adaptativa, que age como todos querem para não se sentirem excluídos, para suprirem suas carências internas que são reprimidas no dia a dia. Cada ser possui uma estrutura biológica, participa de uma determinada cultura e sociedade, convive com certas pessoas e o principal de tudo, possui uma essência. Essência. Ser. Ser algo. Gostar de algo. Acreditar em algo. Isso deve ser respeitado e valorizado. Dessas crenças e valores, podem surgir criaturas magníficas capazes de ajustar muitas coisas no mundo.
Pessoas que possuem crenças individuais mas com objetivos grupais, são sinônimos de riscos para uma sociedade onde seus líderes querem que todos pensem da mesma maneira. Isso impede que essas pessoas arrisquem e "vão à luta". Não devemos agir de forma mundana. O mundo possui buracos em demasia. Mentira, falsidade, fome, inveja, jogos de poder, dentre outros males. Não devemos nos esquecer como tudo começou, nem ignorar isso tudo. Não perder a leveza com as coisas pesadas e nem ser pesado com as coisas leves. Tudo é passageiro na vida. Mas as coisas que ficam devem ser mantidas durante toda a vida. Nossas crenças. Nossos valores. E principalmente, a nossa essência. É disso que nos lembraremos quando não tivermos mais o que fazer. Só isso permanece.


"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana." 
Teilhard de Chardin.


Fonte do texto: Autoria própria.